G1 – Caçadores de tesouros investem em busca de objetos no Centro-Oeste

G1 – Caçadores de tesouros investem em busca de objetos no Centro-Oeste


Aventureiros e caçadores de tesouros investem em rastrear objetos valiosos em cidades do Centro-Oeste mineiro. Em busca de preciosidades, os adeptos do detectorismo viajam e passam horas caminhando por terrenos aguardando um sinal. A prática, que conta com um um equipamento capaz de detectar metais no subsolo, tem crescido na região e o resultado pode render relíquias que, algumas vezes, vão para museus.

detectorismo1 G1 - Caçadores de tesouros investem em busca de objetos no Centro-OesteTecnólogo encontrou objetos que foram doados a museu (Foto: Vandeir Santos/arquivo pessoal)

O tecnólogo em qualidade Vandeir Santos, de 44 anos, pratica o chamado “detectorismo histórico”. Ele mora em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Mas, nos fins de semana, percorre áreas urbanas e rurais de algumas cidades do Centro-Oeste, como Conceição do Pará, Pitangui e Pompéu. Ouro, ele garante que ainda não achou. Mas, já coleciona peças metálicas estimadas em mais de dois séculos. “No dia 19 último, encontrei um pé de castiçal e uma aliança de cobre no local onde existiu o casarão de Joaquina de Pompéu”, conta. Neste fim de semana, ele oficializou a doação dos objetos ao Museu Histórico de Pompéu.

Alimentado com baterias, o detector é montado em poucos minutos. Suspenso a cinco centímetros do chão, ele emite ondas eletromagnéticas que descem alguns metros no subsolo. Quando se aproxima de algum objeto metálico, o equipamento produz um som específico. Daí, basta deixá-lo de lado e recorrer a uma pá ou picareta para cavar no local indicado. “Tenho dois detectores. Em Pitangui, costumo garimpar no local da antiga fábrica do Brumado e do casarão da Joaquina, todos repletos de coisas antigas para serem recuperadas. Meu sonho é descobrir onde ocorreu o motim de 1720. Os fuzis da época utilizavam um projétil muito grande. Acredito que eu consiga encontrar algum. Também pretendo detectar algo no terreno onde fica o casarão que pertenceu à lendária Maria Tangará”, explica.

O maior desafio é conseguir a permissão dos proprietários dos terrenos onde pretende garimpar. “Temos um caso de um dono que não quer deixar que garimpemos num terreno dele em Brumado, pois diz temer que queiramos tomar a propriedade. Em casos como esse, não desobedecemos”, comenta.

detectorismo_3 G1 - Caçadores de tesouros investem em busca de objetos no Centro-OestePeças de metal encontradas com uso do equipamento (Vandeir Santos/Arquivo pessoal)

O hobby também cria laços de amizade. O leiturista e socorrista Cláudio Faria, 36, conheceu Vandeir Santos há cerca de quatro anos. Desde então, sempre que pode, ele acompanha o amigo nas expedições de detecção. “A gente gosta de bastante de espeleologia [exploração de cavernas]. Praticamos essa atividade pelo menos duas vezes por mês, em antigas minas subterrâneas de Pitangui e região. Como não tenho detector, o Vandeir me empresta um. Já encontrei ferradura, broche, vasilha, camafeu, enxada e até um ponteiro de um equipamento de mineração”, conta Faria.

O barbeiro Edson Martins dos Santos, 41, é o detectorista mais experiente da turma. Há 20 anos ele usa as horas vagas à prática. O detector que ele tem é o mais sofisticado do grupo, capaz de encontrar o que eles chamam de “tesouro” – peças produzidas com metais mais pesados, ouro antiga.  “Já encontrei muitas coisas gratificantes, como talheres antigos, garfos, colheres e ferramentas. Nunca precisei devolver esses objetos a ninguém, nem devolveria qualquer coisa que eu achasse enterrada”, diz.

Encontros
Vandeir Santos participa de um grupo de detectorismo de Belo Horizonte, junto com outros quatro praticantes. “Fazemos encontros regionais. Existem dois previstos para os próximos meses. Marcamos sempre em algum local que tem praia, pois é onde as pessoas perdem muitos objetos metálicos, como relógios, anéis e pulseiras. Por isso, dá mais lucro e possui mais adeptos”, explica.

Investimento

detector-uso G1 - Caçadores de tesouros investem em busca de objetos no Centro-OesteModelo de aparelho usado por detectorista em
Pitangui (foto: Vandeir Santos/arquivo pessoal)

Ainda segundo Santos, o modelo mais simples de detector de metais custa, em média, R$ 1,3 mil. Existem equipamentos específicos para a localização de ouro, mas esses chegam a valer R$ 20 mil. “Os chineses já perceberam que é um mercado em expansão. Na internet, vendem cópias baratas e de qualidade duvidosa. Na Europa, os detectores são bastante usados em locais onde ocorreram batalhas”, contextualiza.

Um dos detectores que possui, Vandeir Santos ganhou durante um encontro de detectoristas no Rio de Janeiro. O preço do equipamento é R$ 3,2 mil, segundo o proprietário. “Já que não temos praia em Minas, a possibilidade de lucro com o detectorismo se limita a objetos históricos, como moedas antigas. Eu, particularmente, pratico mais pela aventura de viajar em busca de objetos desconhecidos e pela emoção de se deparar com um bom sinal e curtir a ansiedade do momento de cavar. É um prazer indescritível”, finalizou.



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